O Sporting reagiu esta sexta-feira, através de um comunicado, aos mais recentes desenvolvimentos do processo em torno do alegado caso de aliciamento num jogo contra o Benfica a ex-atletas do Rio Ave, apontando o dedo não só aos encarnados mas também ao papel da justiça. Recorde-se que, este semana, dois antigos futebolistas dos vilacondenses, Cássio e Marcelo, testemunharam em tribunal e reiteraram que o empresário César Boaventura os tentou aliciar com vista a que facilitassem diante das águias, em 2015/16.
“Ele tinha interesse que o Benfica vencesse o jogo e disse para fazer o que tivesse de fazer. Eu disse que não, pedi que saísse do carro e ele disse que, se não aceitasse, o Marcelo e Lionn aceitavam”, afirmou o guardião, defendendo que Boaventura lhe ofereceu 60 mil euros no que diz respeito a esta partida, ao passo que Marcelo, central que também alinhou no Sporting, referiu ter achado que a abordagem se tratava “de uma brincadeira”. “Ele ligou e apresentou-se, perguntou se estaria interessado numa proposta de fora. Eu disse-lhe que aquela não era uma boa semana, que tinha jogo. Ele insistiu e disse que queria falar comigo”, explicou, em tribunal.
Tendo isso em conta, o Sporting voltou a apelar, no comunicado publicado no site oficial, à verdade desportiva e à ação por parte da justiça neste caso de alegado aliciamento por parte de César Boaventura. O emblema de Alvalade não se conforma com o facto de Boaventura ter sido o único elemento acusado neste processo por parte do Ministério Público (MP), órgão que não detetou indícios de provas de modo a acusar igualmente a SAD do Benfica no julgamento que arrancou esta semana.
“A Sporting SAD considerou após a devida análise, que o inquérito do Ministério Público continha factos sobre a relação próxima de César Boaventura com a Benfica SAD que deveriam ter sido investigados em sede de inquérito, tendo requerido a intervenção hierárquica. O Ministério Público manteve a posição inicial em que sustentou o arquivamento do processo quanto à Benfica SAD, insistindo na falta de prova”, sustentam os verdes e brancos, sublinhando que, na sua ótica, “é fundamental que a justiça faça o seu trabalho e que os crimes”: “A bem da verdade e a bem da perceção pública que os adeptos têm do futebol e das instituições. Há que legitimar, de uma vez por todas, o desporto nacional e lutar contra os crimes que continuam a envergonhar as instituições.”
De resto, a SAD liderada por Frederico Varandas defende na nota publicada que “a corrupção e o aliciamento de jogadores mancham a verdade desportiva das competições”, sustentado-se nos depoimentos dos dois ex-atletas do Rio Ave. “No seguimento das notícias divulgadas recentemente, em que dois ex-jogadores do Rio Ave FC confirmaram em tribunal ter recebido propostas para perder jogos contra o SL Benfica, a Sporting Clube de Portugal – Futebol SAD reitera que a verdade desportiva não pode ser deturpada por comportamentos criminosos”, aponta.
Recorde-se que, neste processo sob a esfera do MP, César Boaventura é o único acusado, nomeadamente por três crimes de corrupção ativa e um na forma tentada. O Sporting chegou a avançar com um pedido ao MP que possibilitasse que o superior hieráquico do procurador responsável no caso corrigisse a acusação, um cenário que não sucedeu.