Fim da entrevista: o resumo
Numa entrevista a 12 meios de comunicação social, Rui Costa explicou os motivos para a continuidade de Roger Schmidt. O presidente do Benfica defende que o treinador alemão continua a ser o mais indicado para o projeto e frisou que a culpa pela má temporada não é unica e exclusivamente do técnico. O líder das águias disse entender a contestação dos adeptos, embora tenha frisado que o que sucedeu no jogo com o Farense acabou por passar os limites e que compreende que Schmidt tenha ficado incomodado.
No que respeita aos resultados desta temporada, Rui Costa falou dos problemas da adaptação de alguns jogadores, os problemas na lateral-esquerda e a falta de golos dos ponta de lanças, entre outros pontos.
Sobre o mercado, disse que haverá reunião com o agente de Di María na próxima semana, manifestando confiança que o argentino continue.
Casos judiciais, auditoria, estatutos e até José Mourinho foram outros temas abordados. Leia tudo em baixo na íntegra.
Rui Costa: «Nunca houve uns estatutos tão democráticos como este»
Revisão dos estatutos e auditoria
“São dois temos muito em voga nos sócios do Benfica, com toda a razão. AInda assim, em relação aos estatutos, estão prontos para serem apresentados. Caberá agora ao presidente da Assembleia Geral marcar uma data para se discutir os estatutos. Estão prontos, já foram aprovados pela direção, mas deixe-me referir que os estatutos são para entrar em vigor nas próximas eleições. Muito se tem falado do facto de os estatutos ainda não estarem cá fora. Faz-me alguma confusão, honestamente. Tendo os estatutos prontos e estando a ano e meio das eleições, nós não quisemos atrasar rigorosamente nada. Quisemos fazer os estatutos dignos do Benfica, não do presidente do Benfica. Passou por uma série da fases desde a primeira comissão, à qual agradeço todo o contributo que deram. Passou depois para a direção. Pela primeira vez na história, foi posto à disposição para todos os sócios do Benfica darem o contributo.
Quando se fala de esconder alguma coisa ou de pouca democracia, parece-me claramente que está errado. Nunca houve uns estatutos tão democráticos como este. Nunca houve uns estatutos criados com tanta presença e contributo dos sócios do Benfica. Está pronto para ser apresentado. Depois há aqui outro fator, quer para os estatutos como para a auditoria, que me parece que as pessoas não têm que duvidar. Não há nada para esconder. Se eu fosse um político e não o presidente, tenho a presunçaõ de o poder dizer, tinhamos feito as coisas muito mais à pressa. E provavelmente tinha apresentado tanto os estatutos como a auditoria no ano passado. Tinha sido um ano em que tinhamos sido campeões, toda a gente estava feliz e passava muito melhor do que até apresentar este ano, em que é um ano muito mais problemático. Falou-se aqui tanto de críticas e tudo e mais alguma coisa, se eu quiser ser politico ou esconder, tinha pegado nestes dossiês, metia à pressa- Pelo menos tinha exposto num ano muito mais fácil. Não há esconderijos nem nada que possa levar os sócios a duvidar. As coisas serão apresentada e discutidas agora e serão finalizadas em breve tempo. Concerteza iremos para as eleições com os novos estatutos aprovados, se assim os sócios entenderem. Não há nada debaixo do tapete. Há aqui outro fator muito importante: tanto o processo de estatutos como da auditoria, e até por experiência de clubes portugueses e estrangeiros, nunca são dossiês para serem apresentados a meio das épocas. Portanto, vamos escolher a parte do defeso para apresentação e discussão destes temas que nunca são oportunos metê-los a meio das épocas. Tem influência, por isso escolhemos um período em que se possa discutir sem criar atrito à equipa de futebol e modalidades.”
Rui Costa: «A nossa convicção é que temos que estar na Liga dos Campeões»
Ficou incomodado com as críticas dirigidas em si? A preparação da próxima temporada vai depender da entrada na Liga dos Campeões?
“Em relação à Liga dos Campeões, estamos dependentes de dois fatores. Existem duas vias para lá chegar. Uma delas não depende de nós e que é a primeira. Ontem perdemos uma via imediata. Há uma segunda via imediata que é se a Atalanta ficar pelo menos em quarto lugar no campeonato italiano. Depois temos a terceira via que depende só de nós. A nossa convicção é que temos que estar na Liga dos Campeões. Se chegarmos à via que depende só de nós, temos de fazer tudo para lá estarmos. Isso é inequívoco. Nos últimos 3 anos, chegámos por 3 vezes aos quartos de final das competições europeias. Temos que recuar até 2015 para vermos presenças nos quartos de final da Liga dos Campeões. Portanto, este ano não fizemos uma boa Champions, caímos para a Liga Europa… o nosso objetivo é estarmos sempre na Champions. A nossa ambição é essa. Estou mais do que certo que este ano também estaremos na Liga dos Campeões. Em relação às críticas, tenho que aceitar e respeitar. Espero que seja um ano mais estável. Claro que não é agradável, mas tenho que aceitar e respeitar. Não tendo sido uma época positiva, não se pode considerar uma época positiva, também não podemos transformar esta época num caos total. Precisamos de estabilidade e maturidade. É esse apelo que faço. Temos muito trabalho pela frente em vários capítulos. É nisso que me quero focar, respeitando os nossos adeptos, que são os donos do clube. Respeito-os muito. Aceito as críticas e tenho que respeitar porque estou nesta posição… e fazer melhor para o ano para não ter estas críticas.”
Rui Costa sobre Vila do Conde: «Schmidt não saiu sozinho, saiu acompanhado pelo diretor do futebol»
O jogo de Vila de Conde. Quando não sai ao lado de Roger Schmidt, como já fez em outras ocasiões, não acha que expôs Roger Schmidt às críticias dos adeptos? Recuperando o tema das eleições, teme que Luis Filipe Vieira queira um ajuste de contas? Acha que pode querer voltar mesmo sem ser candidato?
“Vamos começar por Vila do Conde. Roger Schmidt nunca saiu sozinho do estádio como vocès próprios chegaram a dizer. Saiu acompanhado pelo diretor geral do futebol. Nunca esteve sozinho em nenhum deste processo. Muita gente diz que eu devia ter feito isto ou aquilo… se fizerem essa pergunta ao Roger Schmidt, ele dirá que nunca deixou de sentir apoio interno, nunca deixou de sentir a minha confiança e a confiança da estrutura do futebol. Isso é pragmático. Não podemos pegar por coisas que não são dinâmicas do futebol. Não saiu sozinho, saiu acompanhado pelo diretor do futebol. Eu saí apenas uns minutos antes dele, até para se alguma coisa houvesse ser eu a dar a cara e a estar lá. Esse conflito interno não existe. Tenho a certeza absoluta que ele vai dizer, não só porque sim, que nunca se sentiu sozinho neste processo. Ele sentiu sempre todo o apoio. E se a minha saída sozinho pudesse levar o foco para mim?”
“Em relação às eleições, tudo aquilo que menos me preocupa neste momento são as eleições do Benfica, que são daqui a muito tempo. Eu não estou, nem de perto nem de longe, a pensar nem em mim nem no que acontecerá, pois se não tinha que ser mais politico do que sou hoje. Aquilo que meti na minha cabeça quando me meti neste lugar foi dar o meu máximo ao Benfica até ao último dia. E é isso que vou fazer. Esse último dia será decidido por dois motivos: ou quando os sócios do Benfica entenderem que não estou bem no lugar ou quando considerar honestamente e seriamente que não tenho mais nada para dar ao clube ou que não consigo ajudar o clube. Nesse dia sou eu que levanto a mão e há-de vir alguém para aqui. Luis Filipe Vieira? Não sou eu que decido. Não faz parte do meu ideal e do que estou a pensar, quanto mais quem são os candidatos. Acho muito bem que existam muito candidatos nas eleições do Benfica porque é sinal que o Benfica tem uma vida bem viva. Isso é muito importante. Mas a última coisa em que tenho que pensar, e tenho muito para pensar, são as eleições do Benfica… quem vem ou deixa de vir. Respeitarei sempre as decisões dos sócios do Benfica e terei sempre o máximo respeito pelo clube. Por isso digo que serei o primeiro a levantar mão quando sentir que não consigo dar ao clube o que as pessoas esperam de mim. Tenho essa ideia clara, assim como tenho a responsabilidade de representar o clube no limite dos meus esforços até ao último dia pela confiança que os sócios depositaram em mim. Ponto final sobre as eleições. Até lá, tenho que resolver muitos dossiês que estão por resolver, tenho que apetrechar as equipas, não só do futebol, como de todo o clube para ganharmos títulos. Deixá-lo estável financeiramente. Essas são as minhas missões. Não é pensar em eleições, ainda por cima a ano e meio de distância, que não sei como estaremos todos nessa altura.”
Rui Costa: «Nunca falei com José Mourinho, nunca tive uma abordagem como tal»
Pensou em José Mourinho para substituir Roger Schmidt?
“Quem disser, em qualquer clube do Mundo, que não pensa em planos B, C ou D… ou não está a fazer bem o seu papel ou está a mentir. Mesmo com a minha convicção que Roger Schmidt é o melhor treinador para o Benfica neste momento, e não arredo pé disso até prova em contrário, mesmo em situações positivas, mesmo no ano passado, tinha preparado um plano B, C e D. Nunca falei com José Mourinho, ele próprio admitiu isso. Houve uma altura em que foi ver jogos do Benfica e que se começou a julgar que pudesse ser o próximo treinador do Benfica. Nunca falei com José Mourinho, nunca tive uma abordagem como tal. A última vez que estive com Mourinho até foi numa situação pesada, no velório do Jorge. Como é óbvio não falámos desse assunto. Acho que o mister José Mourinho merece todo o respeito do Mundo. Ele próprio afirmou que não teve nenhuma conversa comigo e eu confirmo isso. Tive na minha cabeça planos A, B C e E… Qual era a letra dele? Digo M de Mourinho. Mourinho é sempre um treinador de elite. É inegável que pudesse pensar nele também, mas nunca houve essa questão. Sempre foi minha convicção manter Roger Schmidt, que seria a melhor solução para o Benfica. Não a melhor situação para mim, para o Rui Costa, mas por todas as questões que já disse anteriormente. A questão da estabilidade é o melhor beneficio que podemos tirar e contrariar um pouco daquilo que tem sido o historial do clube, sobretudo nos anos mais recentes, em que cada treinador que não é campeão tem de sair logo. Já foi campeão nacional, não o foi neste ano, mas estou mais do que convencido que tem tudo para fazer bem no próximo ano. Esta foi sempre a minha ideia”
Rui Costa: «Um jogador como Di María no plantel, mais do que impedir o crescimento de outros, é ajudar ao crescimento de outros»
Sobre a continuidade de Di María no clube. Não há o risco de um jogador com o estatuto do Di María poder condicionar a evolução de jogadores como Prestianni e Rollheiser que custaram 18 milhões ao clube? O Renato Sanches demonstrou vontade em voltar, existe essa vontade por parte do clube?
“Não vou falar de coisas hipotéticas. Não é esconder, mas não vou falar de coisas hipotéticas. Em relação ao Di María, já falámos sobre as qualidades dele. Uma das situações que ainda nos leva a tentar e a pensar que ainda é possível ficar com um jogador do nível do Di María tem a ver com a simbiose da quantidade de jogadores jovens que hoje temos no plantel. Perdendo Rafa, mais um jogador de experiência, temos que ter algum equilibrio entre jogadores jovens e outros que nos possam aportar experiência, qualidade e que possam fazer crescer os mais jovens. Um jogador como Di María no plantel, mais do que impedir o crescimento de outros, é ajudar ao crescimento de outros. O Di Maria pode fazer precisamente esse papel.”
Rui Costa: «Os negócios que o Benfica tem são todos transparentes»
Na sequência dos vários processos que visaram o Benfica, nomeadamente o caso dos emails, houve uma série de pssoas ligadas ao Benfica, como Paulo Gonçalves ou alguns empresários… pergunto se essas pessoas continuam a ter negócios com o Benfica?
“Os negócios que o Benfica tem são todos transparentes. O Benfica não tem que fazer julgamentos a julgamentos que estejam a ser feitos. Eu não faço julgamentos a ninguém sobre quem esteja em julgamento ou eem processos judiciais porque eu também o estou. Todas as transferências do Benfica são públicas, são mais do que claras e não permitirei nunca, sobre minha gestão, que as pessoas não tenho acesso a esses meios para poderem dizer com quem é que o Benfica negoceia ou deixa de negociar. A última coisa que quero é que o Benfica continue a passar por situações que não quer voltar a passar no futuro e que hoje está a viver de processos que não têm tido o desenvolvimento que nós esperamos todos. Não sou eu que vou julgar quem está ainda em processo ou estar a interferir em processos.”
Paulo Gonçalves foi condenado…
“Certo, mas o que é que isso representa para mim agora neste sentido? Quais são os negócios?”
Rui Costa e a ida ao DCIAP: «Desconheço por completo qualquer plano que visasse prejudicar o Benfica»
Para quando o conhecimento público da auditoria forense? Era o vice-presidente na altura, se o MP fizer uma acusação agora qual será a sua posição, demite-se?
– A auditoria está finalizada. Demorou muito mais do que esperávamos inicialmente, mas porque foram analisados 51 contratos, que faziam parte do processo do cartão vermelho. Finalmente está concluída, teve uma série de complementos para poder ser uma auditoria completa, ocupando várias geografias, já foi apresentada à administração do clube e será agora entregue ao MP e apresentada aos sócios como prometido.”
“Em relação ao processo atual, tudo o que está neste processo não está na auditoria, mas assim que tomámos conhecimento do processo, mandámos abrir uma auditoria nova sobre todos os contratos que possam estar incluídos neste processo. Não estavam na outra porque não faziam parte do processo cartão vermelho. Assim que fui chamado abrimos imediatamente uma nova auditoria. A última coisa que quero é que não se saiba o que realmente se passa. Eu era administrador executivo, não vice, foi nessa condição que fui chamado. Prestei todos os esclarecimentos que me pediram. E deixem-me referir: desconheço por completo qualquer plano que visasse prejudicar o Benfica, não quero tão-pouco pensar porque caso contrário não fazia sentido eu continuar no Benfica naquela altura e muito menos estar hoje nesta cadeira. Não caí aqui de paraquedas, sirvo o Benfica desde os 8 anos. Tenho a consciência tranquilamente plena. Sei muito bem o que faço no Benfica, na minha vida, e se há coisa que não permito é que se mexa com a minha honra, a minha idoneidade e a minha lealdade a este clube. Não vim para aqui de paraquedas. Não meto quadro nenhum neste momento porque não consigo aceitar nem na minha cabeça nem na minha consciência por tudo o que faço e por tudo o que sei que sou e pela lealdade a este clube. Posso ter mil e um defeitos, errar em muita coisa, mas neste aspeto magoa-me pensar na ideia de ser desleal com o meu clube. Isso não vou permitir nunca. Não meto cenário nenhum desses, não quero interferir no processo. Quero que ele se desenrole, que chegue às conclusões. Não quero influenciar neste processo. Tenho a consciência plenamente tranquila porque sei a lealdade com este clube e o homem que sou. Toca-me pessoalmente. Não permito que se meta a minha idoneidade em causa.”
“Não meto cenário nenhum desses por uma razão muito simples: Não querto interferir no processo. Qualquer situação que eu diga pode ter interferência no processo no qual não quero interferir minimamente. Quero que ele se desenrole, quero que se chegue às conclusões, sem ser com a minha inteferência. Não quero que uma decisão minha, dita publicamente, possa influenciar neste processo. tenho a consciencia plenamente tranquila porque sei a lealdade que tenho para com este clube e sei o homem que sou. Permitam-me, porque é uma situação que me toca pessoalmente… não permito que se coloque a minha idoneidade e lealdade a este clube em causa. Não avanço mais do que isto porque não quero condicionar o processo.”
Rui Costa confirma Leandro Barreiro: «É um médio muito rotativo, muito dinâmico»
Gostaria que Di María ficasse? Que futuro vê para Álvaro Carreras? Leandro Barreiro, de que forma vai ajudar a equipa?
– O Álvaro está confirmado, é mais um daqueles talentos em que temos muita esperança de que tenha uma carreira muito digna. O Leandro também é jogador do Benfica. É um médio muito rotativo, muito dinâmico e vem completar o meio-campo, um espaço que nos faltava. Mais uma solução no meio-campo. Com uma produtividade muito grande, uma capacidade física elevada, qualidade técnica fiável para jogar no Benfica e temos esperança de que seja um grande elemento na próxima temporada.”
“Sobre o Di María, temos ainda alguma esperança de que possa continuar. É verdade que tem a idade que tem e é verdade até que já não se pode pedir ao Di María que seja um jogador de sprints de trás para a frente mas continua a ter uma qualidade inegável, os números falam por si, continua a ser um jogador titular na seleção campeã do Mundo. Não é preciso dizer muito mais sobre ele. Temos esperança de que possa ficar.”
Rui Costa e as saídas no scouting: «É um sinal do que estão a fazer, porque se não os outros clubes não vinham cá pagá-los a peso de ouro»
Disse que um dos erros foi o que o Benfica fez no mercado de verão. Têm havido saídas no scouting, a que se devem? Quem é que vai liderar a prospeção? Legítima preocupação dos benfiquistas?
“É natural que os benfiquistas se preocupam com tudo, é sinal que vivem o clube, é mais do que aceitável. Mas que não se confunda. Não falhámos no critério, mas em algumas adaptações. Não tivemos o mesmo impacto neste mercado que tivemos há um ano, não significa que esteja a acusar o scouting, ou o treinador, ou o Rui Pedro Braz, ou quem seja. Acuso-me a mim próprio porque não há nenhum jogador que chega ao Benfica que por fim não seja eu a carimbar a situação. Não estou a pôr, em nenhum circunstância, o nosso scouting em causa porque tenho maior respeito e acima de tudo a maior admiração pelo trabalho que têm desempenhado pelo Benfica. O facto de estarem a sair isso mesmo representa. Hoje é um fenómeno novo, até eles são contratados e transferidos. Leu-se sobre movimentações no scouting do Benfica porque é o Benfica. Não sabemos quem é o scouting do FC Porto, do Sporting, do Barcelona, do Real Madrid… No Benfica soube-se e fico feliz por eles. Se foram contratados, pagos a peso de ouro para aquilo que é a área de scouting, é sinal que o scouting do Benfica se mostrou interessante por algum motivo.”
“Dito isto, as pessoas não devem ficar preocupadas. Eles não saíram por incompetência, muito menos o scouting fica vazio com estas saídas. É gerido, como sempre foi na minha gestão, por Rui Pedro Braz. Estas saídas são colmatadas e colmatadas internamente. Se há um bom trabalho que foi feito, é que quem vem de baixo está sempre pronto para ocupar o lugar de cima. É válido, uma equipa muito bem preparada e confia plenamente. Desejo a maior felicidade ao Pedro [Ferreira], que era o nosso chief scout, que foi agora embora, o melhor para todos eles, mas é um sinal do que estão a fazer porque se não os outros clubes não vinham cá pagá-los a peso de ouro.”
Cobiça a António Silva e João Neves: «Até ao dia de hoje não há nada de concreto»
Retenção de talento
“Temos criado aqui dos maiores talentos que Portugal tem visto nos últimos anos. O António e o João são disso um bom exemplo e tenho a certeza absoluta que atrás deles virão mais. Apelidamos o Benfica Campus de fábrica de talento e assim esperamos continuar. Quanto à retenção do António e do João, tem-se falado muito mas até ao dia de hoje não há nada de concreto que possa divulgar. O mercado ainda não começou a mexer para se poder avaliar o que quer que seja. Agora, não é o Benfica que tem de vender jogadores, é qualquer clube português. Esta é uma velha história que todos os anos tem de ser repetida. A verdade é que não há nenhum clube português que seja capaz de sobreviver sem vendas. O que procurei fazer desde que entrei aqui no Benfica é que essas vendas sejam o mínimo possível. Fazer o máximo de encaixe financeiro possível para sair o menor número de jogadores possível. Tudo faremos sempre para não incumprir com o fairplay financeiro, com os exercicios do clube, nunca irei meter o clube em risco financeiro como já sucedeu há uns anos e não quero repetir. Não sou nenhum louco! Investi os 100 milhões de euros mas com um propósito. Não penso que o próximo que vier que feche a porta. Jamais farei uma coisa dessas ao meu clube. Portanto, como estratégia vender sim porque é necessário, porque todos os clubes têm necessidade de o fazer, mas sempre o mínimo possível. O suficiente para permitir enfrentar a época sem correr riscos de tesouraria nem de incumprir o fairplay financeiro.”
Rui Costa: «Fizemos tudo aquilo que podíamos fazer para manter o Rafa, como tínhamos feito tudo para manter o Grimaldo»
Houve algum tipo de conversa com Rafa, era um objetivo mantê-lo? O Benfica tem capacidade para reter talentos como o João Neves e o António Silva?
“Fizemos tudo aquilo que podíamos fazer para manter o Rafa, como tínhamos feito tudo para manter o Grimaldo. Eram dois jogadores de peso no plantel e de rendimento altíssimo, seria descabido se não tivéssemos feito tudo o que estava ao nosso alcance para os tentar manter. Agora respeitamos que esse nosso máximo para os tentar convencer possa não ser o suficiente, pela idade, altura das suas carreiras e disposição mental, para procurarem outros desafios com mais ou menos dinheiro. Cabe a cada jogador decidir. Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance, mas se não é suficiente a única coisa que podemos fazer é respeitar e agradecer pelos anos que deram ao clube. No fundo, quando partimos para esta época havia a situação do Rafa se ficava ou não. Foi decisão nossa em conjunto com ele ficar mais um ano e acabámos por não continuar a relação, respeitando plenamente aquilo que Rafa deu ao Benfica. Tem um contrato para fazer fora de Portugal, que neste momento para a carreira e vida dele é mais importante. Desejar-lhe as maiores felicidades.”
Rui Costa: «Eu não quero que Roger Schmidt seja o meu Ruben Amorim
Face às eleições do próximo ano tenciona já recandidatar-se? Olha para Roger Schmidt como o Sporting olha para Ruben Amorim, campeão no 1º ano, atravessa uma seca de 2 anos, e volta agora a ser campeão. Schmidt tem condições para ser o seu Amorim?
“Eu não quero que Roger Schmidt seja o meu Ruben Amorim, quero que Roger Schmidt seja o treinador do Benfica de sucesso. Não sou o clube, sou o presidente do clube e tenho que tomar as decisões que considere as melhores para o clube. Posso estar errado, como errarei muitas vezes, como é natural, mas não quero que ninguém seja o meu treinador. Sou eu que tenho de tomar essas decisões e assumo-as, como assumo os erros que forem cometidos.”
“As eleições é tudo o que menos me preocupa… Ponto número um, estamos a falar de eleições que serão em outubro de 2025. Ponto número dois, estarei nesta cadeira até considerar que posso ajudar o clube e não agarrado a uma cadeira à qual nunca me agarrei. Tenho uma paixão, carinho e amor enorme por este clube e serei sempre o primeiro a levantar a mão se considerar que não consigo ajudar este clube. Depois disso a única coisa que quero é que a pessoa que se sentar nesta cadeira seja bem melhor do que eu para levar o Benfica às vitórias que irei festejar no Marquês também como adepto. Esse é o menor dos meus problemas, nunca poderei estar a pensar nas eleições quando tenho tanto a fazer até lá. Só poderei pensar numa situação do género se considerar que não consigo ajudar o Benfica a conquistar aquilo que toda a gente ambiciona para o clube. Os adeptos do Benfica podem estar aliviados porque essa é a minha grande alma, não estar preso a nada a não ser o amor que tenho a este clube.”
Rui Costa: «Gyökeres? Na altura não precisávamos de um avançado porque tínhamos o Gonçalo Ramos»
Conhecemos o impacto que Gyökeres teve no campeonato português. Se ele estava sinalizado pelo scout do Benfica porque não foi contratado? Já agora, vem aí Villas-Boas para a SAD do FC Porto. Isso traz uma nova ordem ao futebol português?
“Bom, estamos aqui no Benfica Campus e tenho muita coisa para falar sobre o Benfica para estar a falar dos outros clubes. Normamente, pautamo-nos por falar de nós e não dos outros. Queria-me cingir um pouco a isso… estar a falar dos avançados do Sporting para fazer comparação com os avançados do Benfica…”
A pergunta era se estava sinalizado pelo scouting do Benfica
“Sinalizados pelo scouting do Benfica estão centenas de jogadores. Resta saber se naquele momento precisamos ou não de alguém para aquela posição. Falou-se tanto desse caso, que o tínhamos sinalizado e perdemos. Nós nunca atacámos porque na altura não precisávamos pois tínhamos o Gonçalo Ramos, que sai muito depois de o Sporting o ter contratado. Nem sequer é uma questão. Se calhar se for ali aos armários do scouting tem lá o Messi refenciado há uns anos quando estava na equipa B do Barcelona. Muitas vezes fala-se das coisas como se fosse um erro brutal, nem sequer se colocou isso em questão porque naquela altura não precisávamos de um avançado porque tínhamos o Gonçalo Ramos, ponto final parágrafo. Há muitos jogadores referenciados que não chegam ao Benfica e depois chegam a clubes grandes, como acontece com todos os outros clubes. Isso é algo normal pois não se pode comprar toda a gente.”
AVB? Esperemos que sim. Permitam-me que hoje fale do Benfica. Como sabem não temos relações institucionais com o FC Porto e portanto não quero estar a divagar sobre isso.
Rui Costa: «Não é normal no Benfica o ponta-de-lança não ultrapassar os 10 golos numa época»
Olhando para a próxima temporada fico com a ideia que não pode garantir a continuidade de João Neves e António Silva, dois jogadores que têm sido bastante cobiçados. E por outro lado gostava de lhe fazer esta pergunta: Roger Schmidt referiu-se publicamente à falta de eficácia sobretudo pelos golos desperdiçados pelo Benfica. Será necessário reforçar o ataque?
“Não é normal numa equipa como o Benfica o ponta-de-lança não ultrapassar os 10 golos numa época. Indiscutivelmente também foi um problema que sentimos na equipa e por isso essas tais rotações de avançados à procura da melhor solução, quer para fazer golos quer para se inserir com o resto da equipa. Não significando isto, e repito e quero deixar bem claro, que seja por ausência clara do jogador mas muitas vezes por adaptações ou o que quer que seja. Recordo que o Darwin quando chegou ao Benfica, o primeiro ano não foi tão produtivo como o segundo. O próprio Gonçalo Ramos quando partiu para a época passada como titular a número 9 havia muita dúvida de muita gente se estava pronto pois na época anterior tinha feito meia dúzia de golos. Portanto é uma exigência muito grande jogar neste clube e há posições muito críticas, esta é uma delas. Inegavelmente foi um dos problemas que tivemos neste ano, os golos da nossa estrutura atacante para não ser de um jogador só pois chegámos a ter quatro, com o Musa. Foi uma lacuna que tivemos e que prejudicou o resultado global dos objetivos que tínhamos para a época. Não estou em condições hoje de vos dizer quem sai ou quem não sai, estou em condições de vos dizer que a equipa será reforçada meticulosamente para ser muito mais forte do que aquilo que foi neste ano.”
Aplica-se isso também a João Neves e António Silva?
Todos os jogadores do Benfica terão mercado com toda a certeza. Jogar com esta camisola oferece mercado e, por outro lado, temos muitos jogadores de eleição e que naturalmente irão ter mercado. Agora resta saber se é um mercado que nos interessa a nós ou não.
Rui Costa: «Os nossos alvos estão todos mais ou menos identificados e iremos atacar assim que pudermos»
Quem vai abrir o espaço para que sejam corrigidas essas carências ou desadaptações?
“Permitam-me que, apesar de estar aqui com total disponibilidade para responder a tudo aquilo que vocês perguntam, haja aqui coisas que ainda não tenham resposta, como é o caso. Nós não mandamos no mercado, temos as nossas ideias para aquilo que vamos atacar no mercado mas não mandamos nele. Portanto, o mercado só agora vai começar a funcionar e só dentro deste rol de movimentações que vai haver no mercado internacional nós conseguimos perceber quem sai ou quem entra. Quem entra a gente já tem alvos, como é óbvio e como devem calcular, acreditamos que possam vir a melhorar bastante a nossa equipa. Agora, quem sai vai depender muito do mercado e daquilo que forem as ofertas do mercado num ano que vai ser até um bocadinho atípico pois é ano de Europeu e há muitos clubes que esperam pelos Europeus para tirarem as suas conclusões. Adianto que não será o nosso caso pois os nossos alvos estão todos mais ou menos identificados e iremos atacar assim que pudermos. Mexidas com certeza que irá haver. Esperemos que não sejam muitas, mas irá haver.”
Rui Costa e a flash no Dragão após o 5-0: « O facto de ter sido João Neves a ir pode ter incomodado muita gente, mas não incomodou o João»
Recuemos ao jogo do Dragão, em que o Benfica perdeu por 5-0. Pergunto-lhe se haverá consequências internas para quem colocou o João Neves a falar depois daquele jogo?
“Não decido na hora tudo o que se passa no Benfica, mas tenho a maior confiança nas pessoas que decidem essa situação. Vi muita gente preocupada por ter sido o João Neves a falar nesse jogo, naturalmente, quem deveria ter falado nesse jogo era o capitão de equipa, o Otamendi que não o poderia fazer, pois estava castigado, tinha sido expulso. Foi um jogo complicado, difícil, que nos marcou bastante, mas em relação ao João Neves deixem-me dizer-vos que não conhecem a personalidade deste rapaz, o perfil dele no balneário e posso dizer que é bem marcante, mesmo nesta idade é um líder nato e tenho a certeza absoluta, que a posição de colocar o João a falar naquele jogo, é também uma mensagem para dentro. O João não ficou incomodado por ter falado, antes pelo contrário, por ter sido ele a dar a cara naquele dia.
Até pode ter sido o João a pedir para falar, mas não acha que deveria ter sido outro jogador mais experiente a dar a cara, depois de um jogo daqueles?
“Ninguém vai esquecer esse jogo. Qualquer jogador poderia ter dado a cara. A situação de ter sido o João a ir ao flash, pode ter incomodado muita gente, mas não incomodou o João, antes pelo contrário. Às vezes são mensagens deixadas para dentro, que para fora não são tão percebidas. Mas para dentro essa mensagem foi dada.”
Rui Costa vai reunir com agente de Di María para a semana: «Não consigo dizer hoje se fica ou não fica»
Não pensa que existiu uma discrepância entre a ideia de jogo do treinador e os jogadores que foram contratados? E já agora, se tem novidades quanto ao futuro de Di María?
Quanto ao mercado, assumo essa responsabilidade, não deixa de ser verdade que não há nenhum jogador que chegue ao Benfica que não passe por todas as áreas e departamentos. Também não é verdade que não tenha sido analisado quer por mim, quer pelo scouting, quer pelo treinador. Não chega nenhum jogador ao Benfica que não tenha essa análise global, completa e só daí advém a contratação. Dito isto, mais do que o perfil do jogador, os treinadores têm as suas ideias, as suas filosofias, perfil de jogo, mas não significa também que não as consigam alterar. Onde o Roger Schmidt mostrou muita qualidade foi no PSV, naquele PSV que acabámos por eliminar, que tinha jogadores com características completamente diferentes daqueles que teve no ano do título do Benfica. No PSV jogava com dois alas abertos, aqui jogou com dois interiores, Os pontas de lança com que trabalhou no PSV e no Leverkusen não tinham as características do Gonçalo Ramos.
Tenta-se escolher um perfil de qualidade, mas não significa isso que todas as aquisições tenham de ser um Grimaldo desta altura, com capacidade de drible x e tem de vir um exatamente igual. Uma da estratégia de contratar o Jurasék era dar consistência maior às laterais, sendo um jogador mais à imagem de Bah do que propriamente do Grimaldo, para dar mais liberdade ofensiva aos jogadores que tínhamos no plantel. Não significa que o jogador que entra que tenha de ter as mesmas características. Por vezes é difícil de acontecer. Temos de nos moldar.
Em relação ao Di María, assinou por um ano – e o que vou dizer, não o vai deixar chateado – , assinou um ano, porque na cabeça dele, queria terminar a carreira na Europa onde começou [no Benfica], e depois terminar na Argentina, Por razões que vocês conhecem, que foram públicas, esta posição da Argentina já nao está tão delineada quanto isso. Para a semana iremos ter uma reunião com o representante do Di María, onde iremos perceber se continua mais um ano ou não. Não consigo dizer hoje se fica ou não fica. Temos essa esperança, mas para o início da próxima semana teremos uma reunião decisiva para decidir isso.
Rui Costa e os 100 M€: «Muito destes investimentos foi para antecipar mercado»
Mas há margem de investimento no Benfica?
“O Benfica não vai investir todos os anos 100 milhões de euros. Não esquecer que nós fizemos uma completa remodelação dos ativos do Benfica. Passando de 60 e tal ativos para os que temos hoje, que são muito menos. Procurando também desse modo criar um núcleo de jogadores protegidos por um grupo de jogadores mais experientes, como Otamendi, Di María, João Mário, do Rafa, do Aursnes que também já está nesse patamar. Queríamos criar um núcleo de jogadores válidos desportivamente, jovens de grande valor, que possam ser mais-valias futuras para o clube. Se fizerem a vossa análise percebem que esta estratégia tem sentido. Quando se fala em 100 milhões, percebo o adepto e o próprio jornalista quando refere que se investem 100 milhões de euros, que é para ganhar tudo, mas muito destes investimentos foi para antecipar mercado e muitos destes jogadores, se não atacarmos agora, com esta idade, mais tarde nunca mais os podemos ter.”
«Investimos 100 milhões de euros em ativos, que são ativos do clube. Serão mais-valias para o futuro»
O Benfica investiu 100 milhões de euros em reforços. Acredita ser possível fazer um investimento semelhante esta época?
“O Benfica investiu 100 milhões de euros, mas não investiu 100 milhões de euros para meses. Investiu 100 milhões de euros em ativos. Há esse estigma da quantidade de dinheiro que o Benfica investiu, mas o Benfica não pegou em 100 milhões de euros e não os atirou à rua. Quando se investe é a pensar nos resultados desportivos, mas o Benfica criou, modificou tudo aquilo que era a dinâmica do futebol profissional. Quando fiz o balanço do mercado de janeiro, tive a oportunidade de referir que o Benfica tem hoje uma panóplia de jogadores a baixo dos 23 anos, que são mais-valias futuras seguramente. Desportivas, primeiro, e mais tarde, financeiras.
“O primeiro objetivo será sempre desportivo. O Benfica não pegou em 100 milhões de euros e não os mandou à rua, até porque parte desse dinheiro que está a ser avaliado, já vem do mercado de janeiro , onde o que pretendemos fazer foi anteciparmo-nos ao mercado internacional com a contratação de jogadores que acreditamos que venham a ser grandes mais-valias futuras como é o caso do Marcos Leonardo que chegou ao Benfica com a idade que chegou e vai impor-se com toda a certeza, assim como outros. Não se pode avaliar só que se gastou 100 milhões de euros. É um facto que os investimos e não ganhámos e eu não posso fugir a isso, mas não investimos 100 milhões de euros para meses. Investimos 100 milhões de euros em ativos, que são ativos do clube. Muitos deles não conseguiram dar o resultado imediato, mas não tenho a menor dúvida que serão mais-valias para o futuro.”
Rui Costa: «Não se atira nada para debaixo do tapete. Mas digo que vamos começar do zero uma temporada»
A mudança também passa pela forma como o treinador também vai passar a comunicar com os adeptos?
“Não digo que temos de mandar para trás das costas o que se passou este ano. Não se atira nada para debaixo do tapete. Mas digo que vamos começar do zero uma temporada, e digo que é preciso, necessário, que comecemos a época com um bom espirito com a convicção daquilo que podemos vir a fazer neste ano, que é lutar por títulos. Com certeza absoluta que iremos estar melhores do que estivemos este ano. Disso não tenho a menor dúvida. Portanto, temos de acreditar. Eu, pessoalmente, e quem trabalha comigo e quem trabalha com Roger Schmidt, os jogadores, é muito crente naquilo que estou a dizer. Não tomava esta decisão se percebesse que a equipa não estivesse com ele, se a estrutura não estivesse com ele, se ele não estivesse completamente inserido no clube.”
“Se não acreditasse que ele faz parte integrante do projeto, percebendo as necessidades e exigências do clube… Muito depressa esquecemos as coisas que são bem feitas e apontamos sempre às coisas mal feitas. Não vou viver a vida toda a pensar no primeiro ano ou nos primeiros oito meses dele, em que foi tudo às mil maravilhas. Mas a forma como ele trabalha dá-me essas garantias de qualidade, de estar envolvido no projeto do clube, caso contrário jogadores como António Silva e João Neves estávamos aqui a vê-los a passar de um treino da equipa B ou dos sub-23. Chegou, percebeu as necessidades do clube, não tem medo de apostar nos nossos jogadores e toda esta conjetura faz-me acreditar plenamente e cegamente que temos a pessoa certa. Não tivemos um ano em conjunto que nos permitisse estar aqui com um sorriso, mas acredito que nos vai voltar a dar esse sorriso.”
«Mudar de treinador a abrir a próxima época? Isso não traz benefícios ao clube. Seria começar do zero outra vez»
Se a época não começar bem, não tem receio que o ambiente seja ainda mais demolidor?
“Vamos recuar um pouco e volto a dizer qual o meu raciocínio. Seria mais populista, mais fácil, mudar. Na minha opinião, isso não traz benefícios ao clube. Seria começar do zero outra vez. Este treinador já mostrou qualidade. Há um ano, era endeusado por toda a gente. É sinal que fez alguma coisa bem feito e dá garantias que pode repetir esse feito. Relativamente à pergunta, se as coisas não começarem bem, se tudo pode descambar, não tenho a menor dúvida que se recomeçar tudo do zero e as coisas não comecem a correr bem do princípio, eu seria na mesma o primeiro a ser julgado, por ter tirado um para meter um pior. Esse risco temos de o correr, essas decisões precisam de ser tomadas.”
“Esta decisão que foi tomada é unicamente naquilo que eu acredito que seja para o Benfica o melhor. Acredito também que os nossos sócios e adeptos vão partir para esta época de uma forma positiva, com a crença e união que esta equipa precisa. É assim que o Benfica se torna o clube maior do mundo. É quando está toda a gente junta. Conheço isso do campo até à bancada, já o disse algumas vezes. Quando a família está unida é muito mais difícil para os adversários. É isso que eu sonho, é isso que eu quero. E esta tomada de decisão é em prol disso. Por mais que se diga que se o ambiente está assim e o treinador vai continuar, a coisa não vai melhorar, também nada me garante que um treinador novo me dê outras soluções e acredito plenamente nas capacidades deste treinador. Há um ano era endeusado, não foi um acaso. Temos de preparar a época de forma melhor, de forma diferente, dando todas as condições para voltarmos a conquistar títulos.”
Rui Costa e a contestação na Luz com o Farense: «Não vou esconder a irritação com que o treinador estava. Foram ultrapassados limites, custou-lhe aceitar isso»
Sublinhou que compreende a frustração dos adeptos, mas não acha que o treinador não ultrapassou esses limites com os próprios adeptos, quando numa conferência de imprensa aconselhou-os a ficar em casa?
“Falámos [eu e o treinador] sempre a cada situação passada. Falámos sempre e analisámos tudo. Custou-me muito, não a contestação, os assobios, mas o dia do jogo com o Farense em casa. Provavelmente, por não estar habituado. Extrapulou-se a contestação. Não vou esconder a irritação com que o treinador estava. Foram ultrapassados limites, custou-lhe aceitar isso. E temos de aceitar que lhe tenha custado. Foi a pessoa que levou com a garrafa e não foi agradável. Temos de aceitar também, que são seres humanos, que pode haver um momento de alteração.”
Rui Costa: «Vlachodimos? Schmidt sai publicamente prejudicado por algo que não tem responsabilidade»
O que se passou com Vlachodimos?
“A seguir ao jogo com o Boavista. O Vlachodimos, tenho maior respeito por ele. Tenho uma ligação bem forte com ele, trabalhei com ele muitos anos e merece todo o meu respeito. Deu-nos muito e tenho todo o respeito por ele. Vai ao encontro do que disse há pouco da pessoa Roger Schmidt que temos dentro da casa e da forma como ele trabalha, ele sai publicamente prejudicado por algo que não tem responsabilidade. Ainda cheguei a ver em alguns meios, que o Vlachodimos percebe que não vai jogar, não lhe agrada e pede para não ir para o banco. Com um mês de mercado, a ideia inicial nem era ele sair. A ideia era ficar com Trubin, com o Samuel e com o Vlachodimos. Mas para acabar com um problema que pudesse ser criado mais para a frente, se chegasse uma proposta, como chegou, que o melhor para ambas as partes, era ele aproveitar essa oportunidade e sair.”
A substituição no Bessa: «Di María? Não digo que seja correto, mas ele não é o primeiro nem será o último que numa substituição sai ofendido»
Roger Schmidt ficou fragilizado em momentos específicos da época? Logo à partida com o caso Vlachodimos, a relação com a comunicação social, a substituição de Di María e a manifestação do jogador e a questão de Kökçü, com a entrevista polémica, com o treinador a ceder e a colocá-lo onde gosta de jogar. Fragilizado quando diz que esta não foi uma época fantástica mas uma boa época?
“Em relação ao Kökçü, tanto joga a 8 como a 10, são duas posições que conhece na perfeição. E naquele momento, independentemente da entrevista, não era aqui que estavam as lacuna do Benfica. As lacunas do Benfica não se prenderam com aquela posição, onde tivemos variadíssimas opções, boas e válidas. No meio-campo, a determinada altura, Schmidt encaixa Florentino e João Neves e funcionou. Rafa funcionava e era uma questão de estar a jogar quem estava melhor. Essa decisão cabe ao treinador. Di María? Tudo o que é Benfica é empolado. Não digo que seja correto, mas ele não é o primeiro nem será o último jogador que numa substituição sai ofendido. Eu quando jogava também saí ofendido ou chateado, isso não implica que traga consequências futuras. Nenhum treinador fica limitado, porque não o pode tirar porque ele fica chateado. Não é bonito de se ver mas garantidamente não teve consequências futuras e nem foi tema.”
“Em relação à CS, faço um parêntese. Não estou a dizer que ele esteja errado no que diz, mas se olharmos para o que é a CS posso dar um caso flagrante em relação a Roger Schmidt: quantos treinadores estrangeiros passaram por Portugal que não falavam português e foram condenados por isso? Houve um boicote na conferência de imprensa. Não é bonito também pensar que por ser do Benfica essa exigência tem de ir ao extremo. Se me perguntam se os benfiquistas gostariam de ouvir o treinador falar português, é natural que sim. Falamos de um homem alemão, que não fala português, mas nunca houve uma guerra tremenda porque o treinador não fala a língua do país. Sobre a boa época, tenha a plena consciência, que qualquer época em que o Benfica não seja campeão não é uma boa época. O que ele quis dizer, até pela conversas tidas internamente, provavelmente é o que eu também digo: ganhar uma Supertaça não é uma boa época para o Benfica, mas também não façamos desta época a pior de sempre do Benfica, que é aquilo que parece estar no ar e não é uma realidade. Não quer dizer que eu não assuma e não dê a cara por uma época que não foi de todo positiva, porque o Benfica numa época positiva não se limita a ganhar uma Supertaça, mas não se transforme esta época numa catástrofe do clube porque não é uma realidade. Ele não conhece o finalizar de cada época para saber qual é a reação das pessoas ao longo da história. Vindo de fora, na opinião dele, não está feliz pelo que foi feito mas não se pode transformar na melhor catástrofe.”
Rui Costa: «Kökçü? Gosto ainda mais dele hoje do que gostava há um ano»
Um dos principais erros de Roger Schmidt terá sido o subaproveitamento de Kökçü?
“Não. Se me perguntarem pessoalmente o que considero de Kökçü, digo que gosto ainda mais dele hoje do que o que gostava há um ano quando o vi. É um jogador com características fantásticas, qualidade fantástica e que não conseguiu expressar ao máximo o seu potencial. Mas acho que é inequívoco e que todos consideram que Kökçü é um jogador de nível elevadíssimo. O dinamismo da equipa, a forma de jogar da equipa não beneficiou muitas vezes as suas principais características mas isso também faz parte de todos os jogadores. E não esquecer que há aqui o aparecimento de um miúdo que acabou por se afirmar de uma forma clara, que se chama João Neves, e nós não conseguimos meter 14 jogadores em campo. Isso não invalida que estejamos perante um jogador de enormes qualidades e que tenho a certeza que terá um futuro brilhante porque tem caráter, tem carisma, tem qualidade. É um ativo do Benfica e temos todo o orgulho nisso.”
Rui Costa e a contestação dos adeptos: «Este ano houve episódios que não foram bonitos, é inegável que aceito e respeito as contestações»
Nas últimas semanas da época houve alguma divisão nos adeptos. Alguns protestaram veementemente e o treinador disse ser impossível ganhar campeonatos assim. Como é que pretende resolver o problema?
“Acredito que este ano tenha sido um ano de grande frustração pelo facto de as expectativas terem sido bem altas. Éramos campeões nacionais e começámos a época com as expectativas bem lá em cima, começámos por ganhar a Supertaça, tínhamos reforços de peso que nos permitiam pensar que a época fosse ainda mais gloriosa, e queríamos que fosse. E houve uma frustração grande da parte dos nossos adeptos dentro da exigência que é natural num clube como o Benfica. Houve exibições que não agradaram e que não satisfizeram e elevaram a crítica. Crítica essa que respeito, contestação que respeito, como é óbvio, mau era se assim não fosse. Mas como disse Roger Schmidt, é evidente que quem está nesta posição, dentro de campo, como treinador, o que pretende para o clube é que o clube esteja unido.”
“Este ano, na parte final, nomeadamente quando o título já era uma miragem, a desilusão de sair da Liga Europa nos quartos-de-final também aconteceu e portanto tem de se aceitar que os adeptos tenham contestado e criticado a época. Mas vamos partir para uma época nova e tenho a certeza absoluta que não há um benfiquista que não queira começar bem, a lutar pelo título, e que haja essa divisão. É o meu apelo mas a minha convicção. Só todos juntos podemos alcançar alguma coisa e sabemos o quanto valemos todos juntos. Este ano houve episódios que não foram bonitos, é inegável que aceito e respeito as contestações. Há um limite para elas e não beneficia ninguém, não beneficia quem está dentro de campo, como é óbvio. Não é nesse clima que consegue expressar-se da melhor forma.”
Rui Costa: «Bernat chega ao Benfica com mais cartel do que aquele com que Grimaldo saiu»
Houve conversas com Roger Schmdit sobre os momentos conturbados? Exibições mudaram, que garantias lhe dá Roger Schmidt?
“Conheço o trabalho dele e que ele fez há um ano. Como disse, esta equipa não teve o equilíbrio que teve no ano do título e uma das diferenças grandes, basta olhar até para os jogos de preparação de há dois anos, em que momento da época ele utilizou mais ou menos os mesmos jogadores, nas mesmas posições, criando rotinas, modelo de jogo, que foi até empolgante pelo menos por dois terços da época. Isso nasce de trabalho, da qualidade, mas que este ano não conseguimos durante muito tempo manter uma bitola que fosse a que esperávamos. Há pouco falava dos laterais e quando falo dos laterais, perguntam por que não nos reforçámos mais nas laterais. Partimos para a época com dois laterais esquerdos, um lateral-direito – não inventamos nada – e partimos com um plantel com um joker, o Fredrik. A posição dele é de joker, joga bem em qualquer posição. Tivemos um problema de adaptação imediata de Jurásek, não vou esconder absolutamente nada, percebemos que estava a demorar a adaptar-se à responsabilidade de jogar no Benfica mas não deixámos de ir buscar um jogador que vinha completamente credenciado, como é Bernat. Em relação a Bernat, chegou ao Benfica, sim, com um problema em fase final de recuperação, uma recuperação que foi extremamente avaliada, chegou com uma lesão muscular que não impediria nunca a sua continuidade. E o facto é que nunca tivemos Bernat. Chega com 5 anos de Bayern Munique, PSG… e posso até dizer que chega com mais cartel do que aquele com que Grimaldo sai do Benfica. O facto de Grimaldo não ir à seleção espanhola tinha também a ver com o Bernat, que lá estava. Não quer dizer que seja melhor ou pior, mas Bernat chega com mais cartel do que aquele com que Grimaldo saiu. O que acontece é que não tendo Bernat quase no ano inteiro, fustigado com lesões raras na carreira dele, entre elas uma lesão grave, e ficamos sem lateral-esquerdo. Porque Jurásek não teve o rendimento que esperávamos, não tínhamos Bernat e se calhar por destino, ou infelicidade nossa, o Bah este ano fez praticamente meio campeonato.”
“Estivemos praticamente grande parte da época sem os laterais de raiz, quer de um lado quer do outro, onde Roger Schmidt teve de acabar por improvisar. É um erro crasso, assumido. Todas estas circunstâncias impediram que as rotinas que tivemos no primeiro ano de Schmidt, bem vincadas, acabassem por ser inseridas, introduzidas, porque foi quase mexer na equipa constantemente para dar um equilíbrio face ao que foi acontecendo ao longo do ano e face às nossas falhas. Seria mais fácil para mim dizer: tive lesões daqui, lesões dali, o que podia fazer? Se calhar devíamos ter feito mais e não conseguimos. Aqui tivemos muitos problemas e obrigámos o nosso treinador a ter de improvisar muitas vezes para equilibrar a equipa e até ser contestado por isso muitas vezes sem ter responsabilidade de ser médico, jogador e tudo e mais alguma coisa. Nesse sentido considero que não posso considerar Roger Schmidt bode expiatório num ano em que variadíssimas coisas não nos ajudaram a ser melhor do que no ano anterior, inclusive campeões.”
Rui Costa: «Schmidt está de corpo e alma neste clube, rejeitou muita coisa para ficar»
Mesmo que Roger Schmidt lhe proporcionasse nesta altura uma saída a custo zero, manteria?
“Eu não gostava de colocar situações que não estão colocadas. Não há essa situação e acredito até, e agora é a minha visão como pessoa, muito se fala de que a questão do contrato é uma das razões, acredito até que o treinador não tivesse na cabeça cobrar os dois anos de contrato se mudássemos de treinador agora. Não é uma situação que se coloque neste momento. Numa conversa franca que tivemos, a vontade dele é expressa: de grande dinamismo para que na próxima época corra melhor. Está de corpo e alma neste clube, rejeitou muita coisa para ficar, não importa estar a falar de quantas coisas e de quem rejeitou para continuar no clube, mas ele acredita plenamente que pode continuar ou voltar a fazer o que fez há um ano. (Mas ofereceu-se para sair a custo zero?) Nem sequer se falou disso, não se colocou essa questão em cima da mesa.
Rui Costa e o fracasso desta época: «Considero que não seja meramente culpa de Roger Schmidt»
Que deficiências detetaram que alavanquem esta continuidade de Roger Schmidt? Acredito que já tenha conversado com ele, mas os benfiquistas querem saber que deficiências foram essas, o que há para melhorar e como é que vão melhorar?
“Como disse na primeira resposta, se considerássemos que a responsabilidade e a época não tão positiva como há um ano tivesse sido meramente, inteiramente da responsabilidade de Roger Schmidt, talvez a situação seria outra, ou se achasse que não tivesse condições para continuar. Este ano, e não vale a pena esconder, não tivemos o mesmo acerto em termos do input que demos à equipa. Este ano não conseguimos ter o mesmo sucesso, sobretudo imediato, face à adaptação de jogadores, menor convencimento de jogadores inicialmente. Há um ano, se bem se recordam, praticamente desde a primeira jornada Roger Schmidt acertou no onze e o onze foi andando durante a época toda. Este ano tivemos vários problemas para resolver desde o início até ao fim da época e é aqui que considero que não seja meramente culpa de Roger Schmidt. O trabalho foi feito em conjunto. Efetivamente há coisas que não correram bem, não acertámos e temos que assumir. Eu em primeira pessoa assumo essa responsabilidade. E daí dizer que nos resta agora criar as mesmas condições que criámos há um ano para desempenhar o trabalho que tivermos para desempenhar. É um treinador que trabalha com o Benfica de corpo e alma, não vale a pena estar aqui a referir. Vocês ao longo deste tempo foram anunciando até alguns clubes que o podiam pretender. É uma pessoa muito honesta e se o próprio não considerasse ter condições para fazer o trabalho que esperamos e que acreditamos que venha a ser feito, acredito que até tivesse sido o próprio a assumir isso. Para quem trabalha com ele diariamente, convive com ele e para quem consegue perceber a paixão e entrega que tem com este clube e trabalhando diretamente com a equipa, e vocês têm esses testemunhos e até testemunhos de quem já saiu, do comportamento que tem para com os jogadores e os jogadores para com ele, nós confiamos plenamente que ele terá todas as condições para fazer um bom trabalho.”
“Repito o que disse há pouco: o que aconteceu há um ano, de chegar ao Benfica desconhecendo praticamente todos os jogadores, ter feito o trabalho que desenvolveu não pode ser obra do acaso, não pode ser casualidade. Conhecemos perfeitamente o valor deste treinador e entendemos que para dar uma estabilidade ao clube e à equipa, o Benfica não pode constantemente assim que não ganha o campeonato mudar tudo o que está envolvido, fazer quase um reset de tudo. Não consegue com isso nenhuma estabilidade para atacar títulos como temos de atacar. Têm sido assim os últimos do Benfica, o historial tem mostrado isso, e é nessa parte que confio plenamente que possamos ter sucesso. Não significa que o facto de eu considerar que a estabilidade passa pela manutenção do treinador, seja ad aeternum. Mas neste momento, com tudo o que foi feito nestes dois anos, com uma remodelação quase completa do futebol profissional do Benfica, este ano não correu na perfeição, temos de reconhecer, emendar os erros, proporcionar ao treinador que possa ter em mãos o que não teve este ano e muitas vezes teve de improvisar ainda até prejudicado com isso. Mas até nesse aspeto eu confio plenamente neste treinador. E por que razão? É raro um treinador que está num clube e que prefere mesmo em termos comunicativos ser prejudicado ele, dar a cara ele, do que propriamente atacar o clube por esta ou aquela razão. Ele está completamente inserido no clube, com a máxima vontade de refazer o que não foi feito este ano. Houve muitas lacunas efetivamente. Desde logo em termos de mercado, não conseguimos ter o mesmo impacto que tivemos há um ano. Jogadores que chegaram no ano do título e tiveram um impacto imediato.”
“Este ano não conseguimos a mesma produtividade e isto não quer dizer que os jogadores que chegaram não tenham qualidade, mas muitas vezes tem a ver com as adaptações, como se inseriram no clube. Mas a realidade é que não tiveram o mesmo impacto que houve no ano passado e acabou por ser muito prejudicial. Nomeadamente nas laterais, onde acabámos por não conseguir colmatar a saída de um jogador tão importante como Grimaldo, em várias posições oscilámos. E não passou unicamente por Roger Schmidt a ausência de títulos ou uma época menos conseguida. É nessa crença que estou e seria muito fácil, mais populista mudar de treinador e partirmos para uma era nova, mas ao mesmo tempo pergunto-me: o nosso público… Sei da exigência desde o campo à bancada que é representar este clube, claramente se a época não corre bem há contestação natural, isso para mim não é nada de novo e é mais do que compreensível que haja. A troca de treinador seria mais fácil, mais ágil, mais populista mas a pergunta que faço é: se as coisas não começassem a correr bem com o treinador que viesse, alterava alguma coisa ao que é a exigência do clube? Não acredito, conheço muito bem o clube. É preciso de uma vez por todos pensarmos que não podemos começar projetos do 0 anualmente, mudando tudo e mais alguma coisa. Não é um treinador que tenha chegado ao Benfica e mostrado, e bem mostrado, o que é capaz de fazer. Este ano não correu tão bem, acredito que iremos emendar os erros que cometemos há um ano e que vamos aparecer muito mais fortes candidatos ao título com este treinador.”
Rui Costa garante continuidade de Schmidt: «Nunca farei deste treinador um bode expiatório»
Tendo em conta a época da equipa de futebol, e a contestação, estão reunidas as condições para Roger Schmdit continuar?
“Acho que estão reunidas as condições para continuar a ser treinador do Benfica, Roger Schmidt vai continuar a ser treinador do Benfica. De resto, nunca houve da nossa parte uma notícia contrária a isso e se não considerasse que ele tivesse todas as condições para continuar a ser treinador evidentemente a minha opção seria até mais fácil, mais populista, mas acredito na estabilidade do projeto, acredito no treinador que já deu mais do que mostras da qualidade dele. O que foi feito na época passada não pode ser obra do acaso. Este ano efetivamente houve coisas que não correram como esperávamos e desejávamos, acabámos a temporada aquém do que eram as expectativas iniciais mas não faço nem nunca farei deste treinador um bode expiatório porque não foi o único responsável. Terá as suas responsabilidades também, como é óbvio e inerente, mas não é o único responsável de todo e o que nos importa agora é criar as condições necessárias e internas para que ele possa fazer o mesmo trabalho que fez há um ano e é com ele que tenho a máxima convicção de que iremos conquistar títulos no próximo ano. E é nesse sentido que já estamos a trabalhar há imenso tempo, para emendar o que não foi bem feito este ano, e para que possamos entrar na próxima época da mesma forma que entrámos há um ano.”
Rui Costa aborda a temporada do Benfica: siga em direto
Seis dias depois do final da temporada, Rui Costa vai dar todas as explicações na sequência de uma época em que o Benfica desiludiu. Siga aqui tudo em direto.